11.2.08

ainda sobre árvores.

Minhas lembranças, não sei como isso foi acontecer, criaram raízes. Penetraram numa terra dura e seca e dormiram por um longo tempo. O caule continuou a crescer e lá em cima, num lugar onde nunca imaginei chegar, começou a criar bifurcações. Muitas, inúmeras, várias para cada caminho que eu tenho tomado. E das bifurcações nasceram folhas das mais diversas especificidades... Uma árvore completa tentando ser porta-voz de algum poema para o céu, e como ele não escutava direito os sons produzidos por suas folhas, a árvore começou a dar flores e frutos a fim de chamar a atenção de seu distraído interlocutor. O céu entendeu o que a árvore queria dizer, mas disse para ela que não poderia contemplá-la para sempre, pois um dia teria de olhar para outro lugar, para outras árvores. Depois disso a árvore quis ser especial. Especial para o céu. e começou a esconder muitas de suas coisas. Cortou os galhos que tinham folhas diferentes e tentou ser uma árvore imaculada de toda e qualquer diferença. Com isso começou a ter espinhos e ranhuras. As raízes começaram apodrecer. A árvore toda estava doente e o céu já não gostava mais dela. E ela adormeceu. Adormeceu.
...
Minhas lembranças, não sei como foi acontecer, resolveram acordar. As raízes estremeceram e de repente começaram a se alimentar da terra. Uma terra molhada pelos outros, pela nostalgia sentida nos rostos antigos e , agora, revisitados.

Hoje eu encontrei um pedaço de raíz esquecido. E bem na minha frente ela se contorceu e provou para que ainda está viva e pulsante.
Nunca mais vou esquecer o dia que eu voltei dentro do coletivo rindo e soluçando com a carga de sentimentos que brincavam no meu rosto e na minha memória.

1 Comentários:

Blogger Igor disse...

e dos espinhos, fez-se a rosa, sem que se soubesse.

o/

3:55 PM  

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