5.4.07

marulhos em meus ouvidos.


Grandes agitos intelectuais nos últimos dias: discussão acerca do sistema de cotas na UnB, sobre o atentado aos africanos na Casa do Estudante, sobre interpretação em performances e instalações, sobre o sentido da criação para o criador... tantos assuntos sendo ruminados na minha cabeça e todos sem uma definição clara de conceito. As vezes a necessidade de tentar enquadrar algo dentro de uma só definição e aplicação gera um desconforto para mim, a sensação de nunca poder aproveitar a liberdade de sentir, de denominar, de delegar significados às coisas que para mim são "isto" e para outros são "aquilo" ou "nada". E isso me faz pensar na essência que eu construí ao longo do tempo: a compreensão do trânsito entre as coisas.
A última contenda foi com um colega de faculdade, enquanto visitávamos uma exposição. O tópico: o sentido da arte/ a conceitualização da arte/ a fala do criador a respeito do que se é criado [... creio que a emoção tem me perseguido também fora dos teatros e dos cinemas]
Mas enfim, lembrei-me da época em que eu desenhava e pintava, onde não havia a necessidade abusiva de querer explicar porque eu havia feito a obra. Era simplesmente por que eu havia gostado. Nada de mais ou de menos. Nada condenável, no meu ponto de vista.
Saí da exposição meio bagunçado e fui para um barzinho com alguns amigos. Cerveja, cigarros e mais conversa me fizeram novamente entrar em estado de "bagunça", elevando a categoria pra um universo genérico: o conceito da arte passava para a vida... e a minha conclusão era a mesma.
Sei lá... pode ser infuência astrológica, traços culturais e psicológicos ou simplesmente um infinito particular criado sem tantas regras para eu me perder. E é também aí que as sutilezas voltam e o medo de compartilhá-las vem de arrastão: o que é sutil para mim pode ser comunicável para os outros com a mesma froça com que eu penso? E na arte, uma criação sutil e totalmente prazeirosa , destituída de conceito ou não, vai tocar as pessoas ou vai deixá-las com a sensação de vazio?

Estava de regime, de uma hora pra outra resolvi, de estalão, comer um monte delas, afinal sutilezas tem gosto de nuvem, de sonhos, de frescor. O grande problema é que vicia: De repente você vai querer falar de flores helicópteras, do marulho que vc escuta quando coloca uma concha no ouvido, do sol se escondendo entre as nuvens, da rajada de vento que passou por você como um abraço, da casca das árvores, das formigas saúvas cortardo folhas... E vai querer falar pra qualquer pessoa, para a primeira que te cruzar o caminho. Quem come demais acaba se tornando dependente, tendo vontades escrotas como sair voando pela janela dos ônibus, ou querer fugir de lugares muito cheios ou muito vazios, ou de ficar numa mesa de bar imóvel, ao perceber que a pessoa que vc está gostando está correspondendo.

e como não poderia deixar de terminar sem, lá vai um bem grande....




HUNPF!

1 Comentários:

Blogger tatiana reis disse...

meu abraço mais gostoso....que bom te ver hoje.

final sutilezas tem gosto de nuvem, de sonhos, de frescor. O grande problema é que vicia

isso foi umas das coisas mais lindas que li!!
posso usar? (com os devidos créditos é calaro!!)

7:49 PM  

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