27.2.08

lago.

tudo muito tranquilo. diria até quieto. quieto demais.
não gosto destas águas, tendem a ser profundas de mais para entender.
acho que... não deve dar pra mergulhar. profundo demais. escuro demais.
esse escuro me incomoda. por não saber o que possa existir lá.
qualquer tipo de investida tem que visar sempre coexistir (apesar de que muitas vezes ela seja tida como prevalência).
é isso. pontos finais marcam finalmente os finais.
mudo ou revoltante. sempre marca os finais.
Incrível como a mudança parece acontecer somente em mim.
Tô escrevendo aqui para nomes não revelados. São silenciosos e impronunciáveis até na minha cabeça. Sabe, tanta coisa pra se fazer e eu tenho de ter muito espaço aqui dentro para destinar a algo realmente importante e necessário (como, por exemplo, decorar textos).
Por isso que essa quietude me cheira tranquilidade.
o tranquilo mudo do telefone.
a ausência de ar passando pelas pregas vocais, produzindo musiquinhas matizadas de suspiros.
uma penca de coisas a fazer e um tempo que se abre na minha frente.
tô gostando. do desabafo.
das conversas que demarcam uma época. uma época vazia de adrenalina lasciva, instituída desde quando criaram os encontros pós-espetáculos.
comunicação verbo-presencial é boa, mesmo quando se está silente por dentro.
talvez até algumas palavras, ditas em momentos certos, com entonações e projeções certas façam reverberar dentro dessas águas algo realmente bom de se sentir.






tô estando.
...

25.2.08

acho q era assim.

Espiava contantemente o que eu fazia. Não parava de me perseguir. Na maioria das vezes eu me incomodava; nas outras, eu compactuava com o seu observar e me insinuava no fundo de suas pupilas dilatadas. E tinha certeza de que também lhe suscitava a mesma sensação.
Demorou muito pra saber que a silhueta que eu sempre via envolta na lama preta dos meus olhos era um outro de mim. Mas não era um outro eu, como uma imagem refletida num espelhinho de camelô...
Almas se encontram.
já sabia disso, mas nesses dias tornei lembrar.

15.2.08

La columna Rota


Hoje eu me descobri assim como Frida Kahlo um dia também se descobriu.
Daqui em diante: RPG e toda uma vida de cuidados a mais.

13.2.08

torpe.

"Três luas, Dionísio, não te vejo
Três luas percorro a casa minha
E entre o pátio e a figueira
Converso e passeio com meus cães
E fingindo ao te ver
Digo a minha estrela
Essa que é inteira prata 10 mil sóis"
Ná Ozzétti
Eu poderia até... eu poderia. Poderia falar tudo de uma vez, somente.
poderia explodir num discurso infinito.
Eu poderia até... dizer as coisas na hora certa.
eu poderia. eu poderia. poderia até, sei lá, fechar os olhos na hora do beijo e tornar a ser alçado pros lugares desconhecidos.
eu poderia. sim, poderia.
eu poderia ficar a tarde inteira debaixo duma árvore, vendo o amor passar.
eu poderia correr atás. eu poderia.
eu poderia cantar SHOW numa tarde.
eu poderia, sem que ninguém visse, pisar nas nuvens do céu.
eu poderia
eu
poderia eu?
poderia tudo isso e tudo mais?
po
eupo
poder-eu-ia (??)
?ue airedop
...

11.2.08

ainda sobre árvores.

Minhas lembranças, não sei como isso foi acontecer, criaram raízes. Penetraram numa terra dura e seca e dormiram por um longo tempo. O caule continuou a crescer e lá em cima, num lugar onde nunca imaginei chegar, começou a criar bifurcações. Muitas, inúmeras, várias para cada caminho que eu tenho tomado. E das bifurcações nasceram folhas das mais diversas especificidades... Uma árvore completa tentando ser porta-voz de algum poema para o céu, e como ele não escutava direito os sons produzidos por suas folhas, a árvore começou a dar flores e frutos a fim de chamar a atenção de seu distraído interlocutor. O céu entendeu o que a árvore queria dizer, mas disse para ela que não poderia contemplá-la para sempre, pois um dia teria de olhar para outro lugar, para outras árvores. Depois disso a árvore quis ser especial. Especial para o céu. e começou a esconder muitas de suas coisas. Cortou os galhos que tinham folhas diferentes e tentou ser uma árvore imaculada de toda e qualquer diferença. Com isso começou a ter espinhos e ranhuras. As raízes começaram apodrecer. A árvore toda estava doente e o céu já não gostava mais dela. E ela adormeceu. Adormeceu.
...
Minhas lembranças, não sei como foi acontecer, resolveram acordar. As raízes estremeceram e de repente começaram a se alimentar da terra. Uma terra molhada pelos outros, pela nostalgia sentida nos rostos antigos e , agora, revisitados.

Hoje eu encontrei um pedaço de raíz esquecido. E bem na minha frente ela se contorceu e provou para que ainda está viva e pulsante.
Nunca mais vou esquecer o dia que eu voltei dentro do coletivo rindo e soluçando com a carga de sentimentos que brincavam no meu rosto e na minha memória.

8.2.08



Árvores são poemas que a Terra escreve para o céu. Nós as derrubamos e as transformamos em papel para registrar todo o nosso vazio.
Khalil Gibran
Pratique comunicação verbo-presencial.
A paisagem
era
distin
ta. Luzes de
car
ros lá na frente da estrada,
um friozi
nho cadente entrando pelas ja
nelas abertas do carro. Janelas
para a
noi
te e risos co
çan
do o céu da boca.
Sinfonia das tragadas (uma coisa que não dá pra se escrever!)
Amigos, giros de 360° e fertilização de
sonhos.

sim, sim!!! Como é bom!!!

6.2.08

pacotão bsb


Vestia uma camiseta branca com listras amarelas. Short e meias até os tornozelos. Assim o garoto saiu de casa naquela tarde com um brilho no fundo dos olhos castanhos. Parecia que ia brincar com as nuvens acinzentadas do céu. Encontrou outros amigos e juntos brincaram. Todos sorriam, todos cantavam! E as nuvens do céu foram ficando mais escuras e as nuvens dos sprays foram parando de fazer bolinhas de espuma na cabeça. Os pés doeram (por que insistiam em dar esse alarme?).
Com os lábios ligeiramente torcidos, o garoto reuniu novamente aquela já conhecida caravana de abraços e voltou pra casa.
E ninguém roubou o brilho dos seus olhos.
Foi assim o carnaval.


4.2.08

As coisas não precisam ter sentido.
Digo... sentido lógico.
As coisas precisam sim ter sentido.
Digo... sentido sensorial.

2.2.08

O autor chama-se C. H. Escreveu algo bem parecido com o que eu já tinha pensado e postado nas últimas postagens desse blog.
Bem, acredito em sincronicidade. Acredito até mesmo em Déjà vu e vecu também...
E ah, achei através do meu radar aleatório que saboreia sutilezas a todo momento.
Lá vai:
"Escrever é como gravidez. A gente tem que ficar com aquilo dentro da gente, amadurecendo, criando corpo, criando alma. De repente, e às vezes num momento em que a gente não está esperando, aquilo sai, prontinho, lindo, perfeito, feito um bebê. Então só me resta dizer a você o que dizem as parteiras, no momento do parto: FORÇA!!! FORÇA!!! FORÇA!!!"